segunda-feira, 25 de julho de 2011

Só no Canadá III - a estrutura para combater o calor!

Já viram que gostei do tema "Só no Canadá", certo?  Estou agora passando os dias pensando em posts legais que façam parte desse tema.

Como vários blogs comentaram, nessa 5a feira aqui em TO tivemos o dia mais quente do ano, quando a sensação térmica chegou a 49 graus (acompanhei o dia todo e não passou da marca dos 50 não, rs rs rs).  Eu que sou de Santos acho que nunca havia sentido tanto calor - felizmente foi por pouco tempo, pois estava no ar-condicionado grande parte do dia.

A previsão do tempo aqui é bastante precisa, então vários dias antes já sabíamos que o calorão estava pra chegar.  Quase todo verão passa um "heat wave" desses pelos EUA e Canadá e as consequências podem ser desastrosas principalmente para as pessoas de idade e aqueles que não têm acesso a ar-condicionado (lembrem-se que o Canadá é o país onde as escolas não permitem que as crianças brinquem do lado de fora com temperaturas acima de 30 graus, mas as crianças brincam lá fora em temperaturas abaixo de zero sem problema nenhum!).

Quando temos "extreme heat alerts" a cidade de Toronto coloca em operação vários Cooling Centres, locais onde a população pode ir para se refrescar no AC e recebe uma bebida gelada, além de dicas de como combater os efeitos do calor.  Até os pets são bem vindos!

Várias das piscinas públicas ficaram abertas até a meia-noite na 5a feira.  Eu aproveitei e na saída do trabalho fui até umas das piscinas que fica em frente ao lago Ontário, a Sunnyside.  Eu tinha ido até lá no sábado e, pasmem, na 5a 8 da noite tinha mais gente que sábado, tinha até fila pra entrar!  Surpreendentemente a água não estava quentinha (no Brasil quando faz muito calor durante o dia a água da piscina normalmente fica bem quentinha de noite) mas com o calor que estava fazendo foi ótimo dar um mergulho.  Quando saí de lá 9 da noite a fila continuava e no caminho pra casa passei em frente a outra piscina pública e vi famílias inteiras de toalha na mão indo pra lá.

Pra quem não tem AC em casa é realmente um sofrimento, pois aqui as construções são feitas para manter o calor por conta do inverno, e muitas casas/aptos têm janelas muito pequenas ou que quase não abrem.  Eu fiz questão de alugar um apartamento com AC (passei muito calor quando morava em SP pela falta de AC e por não poder instalar no apartamento para não "estragar a fachada" do prédio) e não me arrependo - bate muito sol no meu apto e o AC entrou em operação já em abril, mantendo a temperatura aqui dentro sempre em 22 graus.

Montréal também sofre os efeitos do heat wave dessa semana e vi na TV que a cidade convocou a polícia para ir batendo de porta em porta nos bairros que mais sofrem com o calor pra ver se está todo mundo bem, dar orientação etc.

De novo, só no Canadá!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Só no Canadá II - show to U2 sem empurra-empurra

Olá leitores,

Na sequência dos posts da série "Só no Canadá" e pegando o embalo no post da Lapin-Mère (cuja família, by the way, nos recebeu suuuper bem para um lanche na sua maison em Laval - merci família Lapin!), escrevo aqui um pouco sobre a experiência no show do U2 em Toronto.

Confesso, acho o U2 bacana e tal, mas não pagaria $$ pra vê-los ao vivo, até porque show não faz muito meu gênero (vide post anterior sobre o show do Bon Jovi) e sou bem pão-dura pra essas coisas.  Mas alguns meses atrás minha amiga Ariadne, que mora em Londres e é doente pelo U2, me avisou que viria pra um casamento na semana passada e perguntou se eu iria no show com ela.  Resumindo a história, ela me convidou pra ir no show com ela como agradecimento à minha hospitalidade e por ter ficado de baby-sitter da filha dela enquanto ela foi ao casamento, com a condição que a gente fosse na pista!

Pra quem me conhece sabe que pra eu ir em show em estádio já é algo totalmente fora da minha zona de conforto.  Agora ir na pista!  Sempre fui daquelas que pensava "aff, esse povo é doido, paga um dinheirão pra ficar em pé, espremido, na chuva e no sol, só pra ver os caras por cima da cabeça dos outros - tô fora!".  Mas graças à civilidade canadense e à minha amiga Ari meu conceito está mudando um pouco.

Primeiro precisamos comprar ingresso de cambista pq não tinha mais (o show era pra ter acontecido 1 ano atrás mas foi adiado).  Aqui até cambista é chique, compra-se o ingresso pelo site StubHub, que faz parte da TicketMaster.  Cada ingresso pra pista custava originalmente $57 (sim, você leu certo - cinquenta e sete dólares - só como comparação o preço oficial de pista em SP era de R$180) e como compramos no site saiu $100 cada um + o FedEx - foram entregues na minha casa uns 2 dias depois de ela ter comprado.  Depois, como o show foi numa 2a feira eu não conseguia chegar cedo - a Ari bem que deu uma sondada na fila quando foi visitar a CN Tower mais cedo (o show foi no Rogers Centre, que é bem embaixo), mas como ela estava com a filha dela não dava pra ficar guardando lugar na fila, né?
Teto abrindo

Bom, ela deixou a filha com a babá no hotel e chegou lá umas 5 e pouco.  Quando eu cheguei umas 18hs (parei o carro no prédio de uma amiga que fica perto) havia uma pequena muvuca perto do palco mas a gente não estava a fim de se espremer (eu confesso que estava com medo - a filha do meu dentista morreu num show lá em Santos num empurra-empurra e eu fiquei traumatizada).  Ficamos lá fazenho hora, curtindo a "fauna" de pessoas (nossa, como tem gente estranha!), vimos o teto do Rogers Centre abrir às 19 hs (foi bárbaro, nunca tinha visto o "processo" de abertura - até isso é bacana, quem chega cedo não precisa ficar com a cabeça tostando no sol pq o teto está fechado!), observando os brasileiros que adoram se fantasiar de brasileiros no exterior (o povo curte uma camisa da seleção, né?)...

Acreditem: eu estava no meio do povo.  Quem diria!
Chegando perto da hora do show nos arrependemos um pouco de não termos ido mais pra frente, pois o local onde estávamos começou a ficar bem cheio e prejudicou um pouco a nossa visão, mas aí já era tarde.  Nós já preparadas para aquela massa empurrando todo mundo pra mais perto do palco assim que começasse o show e uma canadense do nosso lado ficou falando "ninguém faz isso não" - enfim, é ver pra crer.  Visto: começou o show e ficou todo mundo no seu lugar, alguns apenas pulando um pouco, ABSOLUTAMENTE NADA DE EMPURRA-EMPURRA!  Ficamos perplexas!

Mais pro meio do show um povo que já tinha bebido um pouco demais começou a encher um pouco a paciência, mas nada que atrapalhasse a experiência.  A Ari adorou, gritou, chorou etc - eu achei muito bacana mas acabei saindo de lá com torcicolo de tanto fazer movimento pra olhar o telão, rs rs rs.

A CN Tower também assistiu!
A Ari é uma amiga super internacional, mora em Londres, fez MBA na França e já está no 5o passaporte por falta de páginas nos anteriores (!) e ficou simplesmente ENCANTADA com Toronto e o Canadá.  Isso pra mim foi ótimo, pois às vezes achamos TO meio provinciana e tal, nada como vir alguém de fora para novamente ressaltar as qualidades da nossa nova cidade.  Na hora que ela me viu no aeroporto já falou "estou adorando o Canadá" - e eu respondi "mas você só está aqui há 40 minutos"!  Dá pra ter uma noção, né?

De novo, só no Canadá!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Só no Canadá I - Cirque du Soleil grátis!

Eu fui no Cirque du Soleil pela primeira vez em São Paulo no show Alegria (depois de esperar 15 anos pra ir), fiquei 3 horas na fila pra comprar o ingresso, paguei 200 reais (isso pq era estudante) e ainda paguei o raio da taxa de (in)conveniência da TicketMaster.  O show Alegria foi bárbaro, mas peguei um pouco de birra por ser tão caro e por todo o sofrimento por conta da compra do ingresso.

No outro show que tivemos em SP, Saltimbanco, já estava menos afoita e acabei comprando o lugar mais barato pra um dos últimos shows (e fui direto na bilheteria pra economizar a maledeta taxa).

Quando viemos pro Canadá 2 anos atrás "desencontramos" do Cirque - eles já tinham feito o show em Montréal quando fomos pra lá e em Toronto ainda não tinha começado.  Quando mudamos ano passado sinceramente nem fomos atrás disso, pois com toda a correria da mudança ir ao Cirque ficou em último plano.

Já tinha achado o máximo ter ido no show deles Banana Shpeel (que era um show mais de comédia do que de circo) por 25 dólares aqui em TO.  Quando fui ao Air Canada Centre (em dezembro) comprar ingressos pro show do Bon Jovi já comprei ingresso pro show do Cirque com as músicas do Michael Jackson pra outubro desse ano (detalhe que nem sei o que vou estar fazendo em outubro, mas comprei o lugarzinho mais barato pra ter um gostinho).

Eis que se não quando, além da surpresa de termos visto o Will e a Kate em Québec, descubro no site da cidade que durante o verão o Cirque faz um show exclusivo e absolutamente GRÁTIS para Ville du Québec!  Óbvio que não dava pra perder então lá fomos nós!

Dá pra ir a pé do centrinho histórico e o show é debaixo de um viaduto!  O nome do show é bem sugestivo, Les Chemins Invisibles (os caminhos invisiveis) e eles exploram bem o local com os viadutos passando em cima.  O cenário é bem simples e show é muuuuito bacana!  Ele é mais curto que um show do Cirque normal (até porque cansa ficar de pé, então uma hora já está de bom tamanho) e esse já é o terceiro capítulo do show (os outros dois foram em 2010 e 2009).  A cidade de Québec assinou um contrato com o Cirque para 5 anos de show e todo ano eles atualizam 20% da apresentação, então mesmo quem já viu em anos anteriores vai ver novidade.  Eu nunca consigo acompanhar as histórias dos shows do Cirque, mas quem tiver curiosidade tem tudo explicadinho na internet.





As portas abrem meia hora antes e os artistas fazem o "aquecimento" com o pessoal durante a espera.  Foi mega divertido (se eu falasse francês teria sido mais ainda, rs rs rs)
Apesar de ter bastante gente não tem nada de muvuca.  Quem tem criança pequena pode ser meio chato pois as coitadas das crianças não enxergam nada com todo mundo de pé na frente e os pais acabam tendo que colocá-las nos ombros.

Estando lá descobrimos que existe uma área com lugares marcados que custa $15.  Teríamos até pago pra ficarmos sentados, mas já estava tudo vendido antecipadamente pela internet.

O show acontece esse ano de 24 de junho até 3 de setembro de 3a a sábado.  Imagino que tenhamos ido no dia mais cheio do ano, no sábado no meio do feriado de Canada Day e 4th of July e pela cidade não vimos nenhum tipo de divulgação, só ficamos sabendo mesmo pois entrei no site da cidade pra pegar infos turísticas pra nossa viagem.

Pra quem está pensando em ir pra Ville du Québec esse é um ótimo "plus a mais" pro passeio.  Recomendo!

Realmente, só no Canadá!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Will & Kate em Québec - eu vi!

Olá leitores!

Post especial sobre a visita do Príncipe William e da (futura) princesa Kate ao Canadá!

Pra quem ainda não sabe, William & Kate estão fazendo seu primeiro "tour" justamente no Canadá.  Eles chegaram do dia 30 de junho para a cerimônia de Canada Day em Ottawa no dia 1o de julho.  Quando anunciaram eu bem que pensei em ir até Ottawa só pra isso, mas depois resolvemos ir pra Québec City no feriado e desisti da história.  Eis que se não quando um dia antes da minha viagem eu descubro na internet que eles estariam em Québec City no domingo!  Ou seja, uni o útil ao agradável, passeio até Québec + royal sighting!

Cerimônia de Cidadania
A recepção em Ottawa foi extremamente calorosa, mais de 300 mil pessoas (ou seja, 1% da população do Canadá!) participaram do evento, o pessoal chegou 9 da noite do dia anterior para garantir lugar pra ver o casal etc.  Eu ADOREI o "fascinator" (esse chapeuzinho) da Kate com uma maple leaf vermelha!  Uma das primeiras paradas foi numa cerimônia de cidadania - imagina que bárbaro receber sua cidadania canadense das mãos do príncipe!  Depois eles participaram do evento de Canada Day em Parliament Hill.

No sábado ele foram pra Montréal e de lá seguiram em uma fragata durante à noite pelo rio São Lourenço até Québec.  Eu já estava com o itinerário deles no meu iPhone e vi no site do governo do Canadá que eles fariam uma aparição pública de manhã num evento em frente à prefeitura pelo aniversário da cidade de Québec e de tarde em um forte em Levis, que é a cidade em frente.  No sábado de noite eu já vi gente chegando com banquinho na praça da prefeitura, mas pra mim isso já é meio extremo.

Esperando o carro passar
Enfim, domingo de manhã saímos do hotel e começamos a ver grande parte das ruas fechadas não só para os carros como também para os pedestres.  A minha idéia era ir até à prefeitura uma hora e pouco antes do evento pra tentar ver alguma coisa, mas no caminho vimos uma aglomeração de pessoas e falaram que eles iam passar de carro por lá.  Chequei no meu iPhone e vi que faltavam 15 minutos para eles passarem por lá e ficamos esperando.  Não tinha lá muita gente não, no máximo umas 150 pessoas, mas tinha sim gente com bandeirinhas contra a monarquia e etc.  Bom, só sei que o carro deles passou tão depressa que eu só vi o relógio do príncipe William pelo vidro com insulfilm, mais nada!  Foi uma decepção pro pessoal que estava esperando, mas todo mundo levou na esportiva, começaram a tirar fotos dos policiais que estavam por lá, já que não conseguiram tirar do casal!

Bandeiras pretas "recepcionando" o casal
Meu marido não quis ir direto pra prefeitura, até porque todas as ruas pareciam estar fechadas e começou a chover, então imaginamos que eles iriam abrir para o público mais tarde.  Estava todo mundo bastante preocupado pois a recepção em Montréal não foi lá das melhores por conta dos protestos anti-monarquia e da última vez que príncipe Charles esteve em Québec jogaram até ovo em um dos carros do comboio e ele precisou entrar no prédio pela porta dos fundos.  Na hora que aparecia alguém com um cartaz na hora já apareciam os policiais em volta para acalmar os ânimos.  Nós vimos sim um protesto silencioso, um hotel numa das ruas principais estava com bandeiras pretas hasteadas.  Isso me incomodou bastante mas enfim, como uma moça do meu lado falou, desde que o protesto seja pacífico acho que cada um tem o direito de fazer o que quiser.

Quando faltava uma meia hora pro evento nos juntamos em mais uma aglomeração de pessoas perto da praça, pois não conseguimos chegar mais perto.  De onde a gente estava não dava pra ver o palco principal, mas imaginei que depois que o carro passasse eles iriam abrir pro pessoal.  Ledo engano!  A gente viu a banda passar (literalmente, a banda militar!) e nada de príncipe nem Kate.  De repente ouço um monte de gente aplaudindo e não sabia o que estava acontecendo.  Pra resumir a história, eles não abriram nunca passagem pra nós e eu acabei só ouvindo a voz do príncipe (falando francês, que eu não entendo!).  Depois pela TV vi as imagens do pessoal em frente à prefeitura apertando a mão deles etc etc, e acho que eles chegaram nesse local por outras ruas, pois por todas que passamos não estavam dando passagem.

Comboio "real"
Enfim, quando já tínhamos desistido da tietagem real, fomos comer um hot dog antes de pegar a estrada de volta à Montréal.  Nisso, pára na frente da loja uma das motos dos batedoras da polícia e meu marido fala "não acredito, eles vão passar aqui!".  Saímos pra rua com hot dog, refrigerante etc e nisso vão aparecendo os carros do comboio (os mesmos que tínhamos visto mais cedo).  A diferença é que essa rua foi fechada apenas por alguns minutos para os carros para eles poderem passar e para pedestres continuava liberado, então não tinha aglomeração nenhuma.  Nem me preocupei em pegar a câmera pois já sabia que não ia sair nada na foto por causa do insulfilme.  A essa altura nós já sabíamos qual era o carro e foi só esperar pra dar um tchauzinho pro príncipe!  Da Kate só vi o cabelo, pois ela estava sentanda na outra janela do carro.  Depois de passada a "emoção", saquei a câmera e tirei uma foto do comboio seguindo em direção à Cidadela de Québec.

Protestantes do lado de fora da cidade murada
Como as ruas estavam todas fechadas e nós não íamos conseguir sair com o carro do centrinho tão cedo, fomos até a porta da Cidadela pois de longe dava pra ver os protestantes.  Chegando mais perto percebemos que a polícia tinha mantido grande parte dos protestantes para fora do centro velho (uma das vantages de se ter uma cidade murada é essa), mas eles estavam lá e foram vistos pelo William e pela Kate.  Os policiais estavam sendo durões, quando os ânimos subiram um pouco até pediram pra todo mundo descer da muralha pra não haver problemas.

O tour pelo Canadá está sendo um sucesso, o William e a Kate estão sendo simpaticíssimos e hoje inclusive visitaram a cidade de Slave Lake que foi atingida por um incêndio enorme uns tempos atrás.  Óbvio que está cheio de gente reclamando do dinheiro pago pelos nossos impostos para promover o Royal Tour, o pessoal anti-monarquia com placas não muito simpáticas escrito "Parasite Go Home", mas eu pessoalmente estou achando muito legal fazer parte da história dessa maneira.  O Canadá como país é ainda jovem e continua tendo uma forte ligação com a Inglaterra (a rainha é a chefe de estado e a monarquia está presente em vários aspectos do nosso dia-a-dia, desde o rosto da rainha estampado no dinheiro, até os nomes das ruas) e pelo visto não vai se libertar da monarquia tão cedo, então o jeito é entender o papel da monarquia aqui e aproveitar.