Olá
leitores,
Já dizia o sábio “In this world nothing can be said to be
certain, except death and taxes”. E a mordida do leão canadense é
grande, então nessa época do ano em que estamos, a famosa “tax season” fica
todo mundo atrás disso.
Em 1º lugar,
esse post talvez seja um pouco em cima da hora para o IR desse ano, mas estou escrevendo
com tudo “fresco” na memória, e na tax season do ano que vem vou postar
novamente.
No 1º ano
que tivemos que declarar o IR aqui, fiquei que nem doida atrás de informação e
não achava nada na internet, blogs, sites especializados. Eu acostumada a fazer meu IR rapidinho no
software da receita, fui descobrir que naquele ano nenhum dos softwares que
pesquisei aqui estava calculando direito os meses que moramos no país (eles não
tinham um campo pra dizer a data em que a pessoa virou residente no país).
Como chegamos em agosto e só comecei no meu
emprego em 1º de janeiro de 2011, não tínhamos renda em 2010 pra declarar, mas
como pagamos o mestrado do marido queria declarar para poder usar os refunds
que o governo dá (sim minha gente, aqui você pode jogar algumas deduções de um
ano para outro e só usar quando lhe convier).
O principal problema é que na época o marido não tinha SIN number pois
não podia trabalhar (era apenas estudante) e pra eu fazer a minha declaração
tinha que colocar o SIN number do marido!
Com muito custo, descobrimos que se um estudante não tem SIN number e
mesmo assim quer declarar IR, precisa pedir um tal
de ITN number (que é como o SIN, mas não vale pra trabalhar). Claro, que isso é só por correio e demora 6
semanas pra ficar pronto e não ia dar mais tempo de mandar tudo antes do dia 30
de abril! Fiquei até com palpitação de tanta ansiedade, com medo de não entregar tudo no prazo. Acabamos parando num escritório da H&R Block,
uma das empresas mais populares para fazer seu IR aqui – o contador que nos
atendeu nos explicou que se você não tem imposto a pagar (que era o nosso
caso), o deadline de 30 de abril para a entrega da declaração não procede –
você só precisa declarar até 30/04 se tiver imposto a pagar, se tiver imposto a
receber o governo não se importa se você atrasar.
Ufa, com
isso pra trás, conseguimos seguir a vida.
Acabamos fazendo o IR no 1º ano apenas no ano seguinte, um pouco antes
da nova “tax season”. Resolvi fazer a
declaração sozinha afinal, não tínhamos renda.
Quase tive outro ataque de ansiedade – é simplesmente impossível um
leigo fazer a declaração em papel! É
tanto campo, cálculo, termos que a gente não conhece... acabei colocando o
rabinho entre as pernas e contratando um contador. Ele até que fez um preço camarada (foi uns
$100 para as duas declarações, já que não tinha praticamente nada a declarar!). No ano
seguinte, marido já tinha o SIN number.
Acabamos fazendo novamente com o contador pois queria garantir que o CRA
soubesse que a declaração do ITN X agora era do SIN Y. Aff!
Encontrar
um contador também foi uma dureza.
Ninguém tinha ninguém pra indicar, tudo mundo só reclamava de seus
próprios contadores. Acabei caindo em um
brasileiro indicado por um grupo no Facebook.
O cara resolveu o problema mas errou as duas vezes – ele me deu um papel
dizendo que tinha direito a X de restituição e em ambos os anos o governo falou
“olha, sua restituição é X – Y. Desisti
de pagar pro cara errar – e eu sou daquelas que tenho que confiar muito no
trabalho de alguém pra deixar que essa pessoa faça algo por mim.
3ª tax
season, hora de eu finalmente fazer minha própria declaração! Pesquisei os vários softwares disponíveis
(pra quem ainda não “sacou”, a receita canadense não tem seu próprio software,
você precisa comprar um software de terceiros pra fazer sua declaração...) e
acabei escolhendo o TurboTax.
Na
verdade, não comprei o software, fiz tudo online – a vantagem de fazer online é
que você faz tudo, calcula a restituição e só no final, na hora de enviar os
dados, é que paga. Eu como sou
desconfiada, depois que terminei tudo no TurboTax mas antes de pagar, fiz
também a declaração pelo UFile. Descobri
que o sistema do UFile é o mesmo na H&R Block online, mas não gostei da
navegação – achei que ele não me fez tantas “perguntas” e corria um risco muito
maior de errar ou deixar de declarar alguma coisa (fora que ele calculou meu
refund uns 3 dólares a menos!). Existe
um software grátis, chamado StudioTax.
Lá fui eu baixar e tentar usar – pior ainda! Pra quem não entende de taxes canadenses, o
negócio é um quebra-cabeças! Veredito:
continuarei fazendo pelo TurboTax nos próximos anos. Antes de pagar joguei no Google “TurboTax
coupon” e ainda consegui 15% de desconto.
Ficou $31 para as duas declarações (uma barganha comparado ao contador).
Exemplo de tela to TurboTax - seu refund vai aparecendo enquanto você vai preenchendo os dados! |
Agora claro
que nem tudo são flores! No seu 1º ano,
você não pode enviar a declaração pela internet (chamado Netfile – equivalente ao
ReceitaNet do Brasil), tem que mandar pelo correio. Você pode fazer pelo software e
imprimir. Como já estamos no 3º ano,
achei que estivesse tudo ok. Bom, a
minha declaração foi bonitinha, a do marido “empacou” – o programa diz que é o
1º ano dele! Aff! Talvez seja porque mudamos de SIN number, sei
lá. Mas, como já sei que o deadline de
30 de abril não vale pra gente, estou sossegada! Ele vai tentar ligar no CRA pra ver se
resolve, mas qualquer coisa também é só imprimir e mandar pelo correio.
Ah, uma
coisa que descobri é que no site do Canada Revenue Agency tem um “my account”. É bem bacana ter a senha (tem que pedir pelo
correio e demora alguns dias pra chegar), pois na hora de você fazer sua
declaração o governo começa a pedir informação das declarações do ano anterior
e entrando nesse site está tudo lá, mesmo que você tenha perdido o papel (meu
caso, sei que está aqui em casa em algum lugar, mas vai saber em que pasta foi
parar!).
Parece que
agora o TurboTax está fazendo declaração pró-rata no caso de quem virou
residente no meio do ano. Se for sua
primeira declaração, confira direitinho e tente fazer pela internet, já que pra
preparar tudo é grátis. Se não der
certo, bata em uma H&R Block da vida e morra com mais uma “taxinha”!